domingo, 9 de setembro de 2012

Day 15 - Lost in translation

Buenos Aires - 09:00
(13:00 portuguesas / 07:00 peruanas)

"Despertar em Buenos Aires"...

Pode soar muito bem quando escrito e imaginado mas na prática é semelhante a qualquer outro sítio (excepto numa tenda a 4500m).

Como o pequeno-almoço supostamente é servido até às 10:00, são 10:30 quando me lanço à descoberta de "Palermo", o bairro hip e na moda onde se situa o meu hotel.

Estranho.

Estranho percorrer uma cidade sozinho depois de quinze dias intensos em companhia.

Estranho passar para uma cidade completamente europeia vindo de algo entre o 3º e 2º Mundo.

Estranho ver cães a serem passeados em matilhas de 10 ou 20 por "passeadores profissionais" ao invés de andarem a vigiar rebanhos.

Estranho ver trânsito organizado e respeitador dos peões.

São 11:00 e as lojas e cafés começam lentamente a abrir. Acho estranho (lá está) abrirem tão tarde, fico a pensar se será assim por toda a cidade e país (mais tarde descubro que é só neste bairro). Não existe vivalma nas ruas...terei acertado o relógio decentemente?

Não sei porquê mas sinto-me em Paris. Aliás, mais confortável que em Paris porque aqui não existem franceses, nem sacos de lixo transparentes pelas ruas.

Sentindo-me estranho e perdido, decido entrar num cáfe (parisiense pois claro). O funcionário traz-me o menu de almoço. Olho outra vez para o relógio a confirmar (11:30)...

Seguindo o conselho da minha amiga argentina, decido pedir duas "medialunas" com a ilusão e imagem que seria algo típico. Trazem-me dois croissants simples e pequenos. F*ck me...estou mesmo em Paris!

Buenos Aires é assim. A cidade parece europeia, as pessoas europeias, a comida europeia, até os cães europeus! Diria que têm um toque italiano na medida que justificam tudo como produto típico, criado e inventado na Argentina...

"Dulce de leche"? Argentino (basicamente leite condensado cozido que se encontra em qualquer supermercado)!

"Medialunas"? Argentinas!

Talvez seja o impacto de me ter transportado de um mundo não necessariamente ocidentalizado para a ocidentalização pura, o que me está a moldar a mente para ver tudo com outros olhos (parciais e/ou viciados)...

Desisto de continuar na perdição e regresso ao hotel, a tarde promete ser diferente...

15:45, esquina da Fe com a Thames, junto ao café Havana.
Olho a multidão que passa. São muitos mesmo. Buenos Aires é uma cidade imensa mas é fácil de explorar e orientar-se, está tudo organizado em quarteirões (quadras). Onde fica o hotel? 8 quadras em frente e uma para a esquerda.

Observo as faces e o rebuliço. Parece Lisboa em hora de ponta. Tudo a falar castelhano (castelhano não, argentino!!). Muito rápido, não percebo nada. Sozinho, estranho e sem perceber puto. Lost in translation...

Nisto, miro a passadeira. Ao fundo, uma cara familiar. Sofia! Pisco os olhos novamente (isto de estar sem lente de contacto...). É mesmo ela! Sorriso rasgado, passo decidido. Um ano depois, é como se estivesse estado com ela ontem.

A partir daqui, a experiência argentina muda radicalmente. Passamos ao que eu mais gosto. Conhecer e viver como um argentino. Seguimos de metro (o metro mais antigo da América do Sul!) até aos limites da cidade. Aqui, apanhamos um taxi (são em conta para pequenas distâncias) até ao bairro onde ela mora. Residencial, tranquilo, argentino.

Colocamos a conversa em dia no café do bairro. Em frente, o típico argentino pintas (todo enchido e último grito) aproveita o wi-fi do café para trabalhar. Mais dulce de leche sff!

Mais tarde, o Fede (namorado nativo da Sofia) junta-se a nós. Rapaz impecável, simpático e com uns impressionantes 1,97m. A conversa segue num misto de português, espanhol, brasileiro e italiano.

Uns passos mais e encontro-me no apartamento deles.

Encomendamos comida típica argentina. Umas espécies de empadas/rissóis (bem saborosos) e algo que me fez lembrar empadão de carne mas envolto e cozido numa folha de milho (Sofia, depois confirma-me os nomes!). Bem bom.

Paro um pouco. Olho para trás e para o presente. Boa conversa, gente amiga, boa comida.

"Jantar num apartamento com amigos em Buenos Aires".

É tão bom quanto soa...

Life in Argentina continues...

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